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domingo, 2 de fevereiro de 2014

Escolas estaduais de Mossoró aderem à greve

Ednilto Neves

Salas de aulas vazias no primeiro dia após assembleia do Sinte

Alunos de escolas da rede pública estadual de ensino localizadas em Mossoró tiveram que voltar para casa sem assistir aula por causa da greve, deflagrada na terça-feira, 28, em Natal, e ratificada em Mossoró durante assembleia realizada pela regional do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (SINTE) na quinta-feira passada, 30.
Na Escola Estadual Professor Abel Freire Coelho e no Centro Educacional Professor Eliseu Viana (CEIPEV), duas das maiores instituições da rede pública estadual em Mossoró, 100% dos professores aderiram à paralisação.
Na manhã da sexta-feira passada, 31, eles reuniram os alunos para expor os motivos da paralisação.
Carla Yasmin é aluna do Abel

Coelho e está no 3º ano do ensino médio. Ela lamenta a paralisação das aulas. “Como aluna eu não gosto de greve”, diz a estudante, que está se preparando para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), a fim de alcançar uma vaga no curso de Administração em uma instituição de ensino superior. Porém, a adolescente diz que compreende a atitude dos professores.
Em 2013 os estudantes da escola sofreram com o déficit de professores. Carla Yasmin conta que ao final do ano letivo o quadro estava completo, mas em outros bimestres faltaram professores de Artes e Matemática. Para compensar as aulas perdidas, a nota foi dada com base em um trabalho. No 1º ano do ensino faltava professor de Biologia.
Rodrigo Guillermo e Ana Vitória lamentam a greve. Os dois também se submeterão ao Enem ao final do ano. Ele pretende ingressar no curso de Medicina Veterinária e ela em Direito. Com a greve, Rodrigo já pensa em se inscrever em um cursinho, como alternativa à falta de aulas. Ele é contrário à greve e diz não concordar com os professores.
Alunos do 2º ano do Abel Coelho também voltaram para casa sem assistir aula. “A gente veio, a gente pensava que iria ter aula, mas teve greve”, diz a estudante Rayane Beatriz, acrescentando que no ano passado as aulas também foram paralisadas. “Piora para a gente”, comenta. “Todos os anos fazem greve, mas nunca resolvem nada”, complementa a adolescente.
Wallison lembra que em junho, por causa da Copa do Mundo, estudantes e professores terão o mês de férias e teme que quando for haver reposição das aulas o início do ano letivo de 2015 seja logo após o término das atividades letivas de 2014.
Na sala dos professores do Abel, os profissionais reforçam os motivos da paralisação. O docente Ramilson Medeiros explica que o Governo não cumpriu o acordo que pôs fim à greve do ano passado.
“O ano passado o pessoal voltou acreditando nas propostas do Governo, mas nada foi cumprido”, ressalta a professora de Biologia, Rita de Cássia. Ela é concursada do Estado há 14 anos e mais de uma década depois de iniciar as atividades em sala de aula ainda está na letra B, quando deveria estar na F.
Ramilson Medeiros argumenta ainda que o Governo alega o aumento do piso, mas o professor lembra que o reajuste do piso é o cumprimento de uma lei nacional.
Rita de Cássia acredita que, embora alguns discentes tenham ficado chateados, eles entenderam as reivindicações dos docentes.
Os professores também reclamam do Sistema Integrado de Gestão da Educação (SIGEduc). “O Governo usou o sistema para colocar uma quantidade grande de alunos em uma sala para dizer que não faltam professores”, diz Ramilson Medeiros.
A professora de Língua Portuguesa, Maíla Marques acrescenta que a escola já começou o ano superlotada e explica que o Sistema não permite a abertura de turmas com menos de 40 alunos. Sendo que as salas do Abel já eram consideradas pequenas para 40, mas estão com uma quantidade de alunos superior ao número. Isso dificulta o trabalho dos professores e o aprendizado dos alunos. “Onde está o aprendizado desse aluno”, questiona Rita de Cássia.
De acordo com os docentes, em 2013 a greve no Abel Coelho foi parcial, mas este ano a adesão foi total. “A gente é muito massacrado por esse Governo”, diz Rita de Cássia.
No Eliseu Viana, a adesão também foi completa. Preocupados, os alunos do 3º ano comentam a situação. “Seis professores não queriam aderir à greve, mas, como foi por maioria, aderiram”, diz o estudante Alcivan Júnior.
Bruno Erick Magalhães, também do 3º ano, lamenta mais uma grave, mas diz que entende a situação. “A gente entende os motivos dos professores, a gente não é contra nenhum professor”, diz o estudante.
A preocupação, no entanto, é com o aprendizado, que ficará comprometido, sobretudo para aqueles que farão o Enem este ano, para tentar uma vaga em uma universidade e para aqueles que buscarão ingresso no Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN).
“O colégio não tem culpa, é o Estado. O Governo até agora não está ligando para os estudos de ninguém”, acrescenta o aluno.
Quem tem condições de fazer cursinho, analisa a possibilidade, quem não tem condições de pagar terá que se esforçar por conta própria.
Os estudantes também reclamam do SIGEduc. Segundo Bruno Erick, colegas que estudaram vários anos na mesma série foram separados pelo sistema e a quantidade de alunos por turma é maior do que o habitual. “Eu sei que o programa foi feito para ajudar a gente, mas até agora não ajudou em nada”, diz ele.
Fabiana Santos, aluna do 1º ano, diz que os problemas começaram ainda na busca pela matrícula e conta que em sua sala também há superlotação. São 45 alunos na sua turma.
A vice-diretora do Eliseu Viana, Samir Fernandes, confirma que 100% dos professores paralisaram as atividades.
Ela afirma que, no momento, o maior problema enfrentado pelo Eliseu é a superlotação das salas. De acordo com Samir Fernandes, no ano passado a escola apresentou uma solicitação à Secretária de Educação informando que a capacidade máxima de alunos por turma era de 40 estudantes. Mesmo assim, o sistema fechou as turmas com 45 alunos. “É mais do que a capacidade da sala de aula”, comenta. Ela já comunicou a situação ao órgão responsável e já seguiu também a orientação de prestar a informação através do site do SIGEduc, duas vezes, inclusive. Porém, até a manhã de sexta-feira, 31, ainda não tinha recebido nenhuma resposta.
Com a situação, ao invés da abertura de 22 turmas no matutino, o Sistema abriu apenas 18 salas pela manhã na referida escola. À tarde, como a demanda por vagas foi menor, não houve problemas. Mas Samir Fernandes diz que o problema é gravíssimo. Ela conta que na segunda-feira a equipe ficou até a noite organizando os horários, mas, quando o sistema abriu, a surpresa. Com o menor número de turmas, os professores não sabem como ficará a carga horária.

Fonte: Dia-dia-noticias

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