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terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Sou a cara do Nordeste...


Sou poeta e sou matuto

Sou matuto e sou vaqueiro

Sou também bicho do mato

Camponês e violeiro

Brocoió e aboiador

Sou o nordeste doutor

Sou cidadão brasileiro

 

Sou Chico, Manoel e João

Sebastião e Canindé

Sou Noca Primo de Dão

Meu apelido é Dedé

Sou a cara do Nordeste

Matuto, cabra da peste

Meu nome também é Zé

 

Sou Maria lavadeira

Sou Chica de Mané fulô

Sou Francisco de Tereza

Ana de Manoel Totô

Que anda pra estudar

Duas léguas, mais vai lá

E aprende com muito amor

 

Sou Bastião de Ritinha

Pessoa nobre gentil

Sou facão de corta cana

De um povo que vale mil

Sou enxada de matuto

Que corta meu sertão bruto

Pra viver nesse Brasil

 

Sou a cara da senhora

Com a cara do passado

Que viu a fome devorando

Devorando o seu roçado

E maltratando a criança

E seu pai sem esperança

De esperar ficou cansado

 

Sou a cara desse povo

Que quer vida, meu irmão

Que quer um taco de terra

Que quer um taco de pão

Que quer uma mão amiga

Não um coice na barriga

Em época de eleição

 

Sou isso tudo meu povo

Sou sertão de lado a lado

Eu sou inverno fartoso

Sou um rio nado a nado

Sou vida de camponês

Sou vaqueiro chamando a rês

Sou essa vida de gado

 

Sou um prato de canjica

Sou fogueira de São João

Sou casca de macambira

Sou bico de gavião

Sou o cantar do peru

Fazendo, gulu gugu

Passando as asas no chão

 

Sou a cara da pobreza

Sou o sonho da criança

Sou a poesia caduca

Que numa rede balança

Sou um povo varonil

Que mora nesse Brasil

E vive de esperança

(Lalauzinho de Lalau)

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