Nosso Rio…
Um dia o homem resolveu te usar…
Outro dia o homem resolveu te abandonar…
Foi um casamento desfeito onde nenhuma das partes saiu ganhando…
Depois de uma longa caminhada juntos. Foram muitas conquistas, muitas cabeças de alho e cebolas. Tantas arrobas de batatas, macaxeira, mandioca. Milho, feijão, tomate, pimentão, alface, repolho, coentro… Quantas e quantas criações se conseguiu criar… Tantos peixes foram fisgados…
Ah! E o medo de tu quando transbordavas?
Nesses momentos a correria era grande… Alguém avisava lá das bandas de Felipe Guerra, Apodi… e quando a noticia se espalhava todos para o rio corria, tentando salvar o que ainda restava, todos entravam em ação, homem, mulher, menino, moça, rapaz… cada um com um ou mais saco de estopa, de pano ou de plástico. O boi, ou o burro, ou o cavalo era colocado na carroça para transportar o que fosse mais “pesado”, quem já era mais bem de vida, trazia um carro de mão, ou mesmo uma bicicleta que tivesse bagajeiro com uma liga de borracha preta e cumprida…
Ah! E aqueles deliciosos banhos: ao amanhecer nos dava a impressão que a água estava fumaçando e, até que era um pouco morna (agente tomava lambedor feita de uma mistura de raízes, flores e cascas e depois ia tomar banho no rio antes que o sol saísse… receita para limpar o catarro do peito e da cabeça), ao entardecer já entrando pelo noite as água já estavam bem frias, e o banho parecia ser com água de pote de barro. Isso mesmo pote de barro era a geladeira dos pobres…
E assim, tudo isso foi passando de geração em geração… Até que alguém começou a abandonar tudo, procurar outros meios de sobrevivência e, hoje ninguém ou quase ninguém tem o rio como fonte de renda.
O rio foi abandonado, desprezado, humilhado e poluído.
Nosso rio tem história e precisa de respeito…
Respeite a Natureza, respeite a Vida
5 comentários:
Parabéns por a matéria inserida em O gato.Quanta verdade em tudo que escreveu ,Um dia o Homem resolveu te usar ... Outro dia resolveu te abandonar.
muito bom relembrar esse tempo. Tempo que pote de barro era a geladeira da casa e o cururu que morava detras era bicho de estimação. Os copos brilhando na copeira de madeira pregada na parede eram areados com areia do rio e restos de sabão em pedra, não existia polidor de alumínio. Já as panelas de barro eram lavadas com folhas de velame pra tirar as gorduras do toicim que era uma riqueza no feijão de corda. Há Everaldo se lembra da bodega de liberato onde a gente ia comprar uma quarta de açucar e ele fazia uma obra prima no papel de embrulho, ficava tão bem embrulhado que se agente tentasse comer um pouquinho no caminho quando chegava em casa dava pra ver que o embrulho tinha sido violado, naquele tempo também não tinha sacola de plástico. Ha e agente também tinha que dormir cedo porque o querosene era caro. mesmo assim era tempo muito bom
Pois é senhora Aguilhadas, agente tinha que dormir cedo. E, acordar cedo com o canto do xexéu no alto do pé de pau-branco, ou dos galos de campina nos pés de pinha e de cajarana. O pai do terreiro (O Galo) dizia que já era hora de se levantar...
O rádio era à pilha e so pegava 3 radios AM (num tinha FM)de mossoró e as vezes dava pra ouvir uma ou dua do Ceará e de noite era ligado na Rádio Globo do Rio... ...
A FELICIDADE está no prazer em viver intensamente cada momento.
por falar em radio a carrego, voces lembram dos programas rural joia joia em que as moças escreviam pedindo musicas do rei, Paulo Sergio, Lindomar Castilho e outros pra oferecer aos casais de namorado da epoca? e Cidade aflita, a rural leva o mundo a sua casa mensagens e notas e avisos. a ave maria era sagrada e a hora da coalhada. As formas de comunicação eram mais dificeis comparando com as facilidades de hoje,mesmo assim havia comunicação através dos programas de rádio daquela epoca. não acham?
Boas recordações, uma pura realidade, principalmente para aqueles que participaram de tudo isso, mas sei que tem muitos que não se recordam desses momentos !!! Ou fingem que nunca passaram por isso..
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