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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Com salário dobrado, Porto Alegre tira professores da rede estadual

ANGELA CHAGAS Direto de Porto Alegre
Enquanto professores estaduais do Rio Grande do Sul encerraram há poucos dias uma greve para cobrar o cumprimento da lei que instituiu o piso nacional do magistério, educadores da rede municipal de Porto Alegre convivem com uma situação bem diferente.
No município, um professor com jornada de 40 horas semanais ganha R$ 2 mil de salário básico, mais que o dobro do que no Estado, que paga apenas R$ 860 para a mesma carga horária.

A oportunidade de ter um salário mais "justo" faz com que muitos professores que residem na capital gaúcha e até no interior troquem o trabalho na rede estadual por um emprego nas escolas da prefeitura. Foi o que fez Laura Bonani Cunha, 47 anos.
"Essa diferença de salário não é de agora, quando eu comecei no magistério era ainda maior. O professor da prefeitura sempre ganhou mais", afirma a educadora, que leciona há 21 anos.

Laura conta que no começo da carreira foi aprovada no concurso para a rede estadual, mas no ano seguinte foi chamada para trabalhar na prefeitura. Com a possibilidade de ter um salário maior, ela não pensou duas vezes e trocou de emprego.
"Claro que trabalhar no Estado tem algumas vantagens. As escolas do município são todas na periferia, muda completamente a vida da gente. Tenho que sair de casa todos os dias às 7h para chegar a tempo. Se fosse na rede estadual, poderia escolher uma escola no centro, ou perto da minha casa. Mesmo assim, o salário compensa bastante", afirma a professora que trabalha em um colégio do bairro Restinga.

Com o salário que recebe na prefeitura, Laura tem condições de ir para a escola diariamente de automóvel. "De carro levo meia hora para chegar no colégio. Se tivesse que depender de ônibus, precisaria de uma hora e meia", diz.
A educadora tem uma jornada de 40 horas semanais, mas este ano dá aulas apenas no turno da manhã, para as séries iniciais, pois na parte da tarde ela atua na Associação dos Professores de Porto Alegre.
Segundo Laura, entre as reivindicações da categoria, está a reposição das perdas salarial, que teria chegado a 17% nos últimos anos. "Nosso salário teve uma defasagem muito grande. Antes ganhávamos bem mais", conta.

Apesar disso, Laura acredita que os professores de Porto Alegre estão em uma situação privilegiada se comparados à média do País. Ela explica que, além do salário maior, os educadores são incentivados a qualificar seu trabalho, por meio da formação continuada.
"As escolas da prefeitura também têm uma boa estrutura, com laboratórios de aprendizagem, de informática, bibliotecas. Os professores do Estado não tem isso, não tem formação continuada, o desmerecimento da carreira é muito grande", afirma.

Para a professora graduada em Ciências Sociais, o educador enfrenta diversas dificuldades para realizar um bom trabalho e, por isso, precisa ser mais valorizado pelos governos e pela população.
"Nas periferias enfrentamos problemas com a indisciplina, a drogadição, a violência. São crianças que boa parte das vezes não têm família, não têm amparo nenhum, são mal tratadas. Nosso trabalho é difícil, mas é cativante. Gosto muito do que eu faço", afirma.
De acordo com ela, é preciso integrar mais a comunidade com a escola, fazer com que todos percebam a importância da educação. Segundo a secretaria de Educação da capital, 4 mil professores fazem parte da rede municipal de ensino, composta por 55 mil alunos distribuídos em 96 escolas.
Levantamento feito pelo Terra em todas as capitais brasileiras mostra que Porto Alegre paga um dos maiores salários para o magistério. O valor de R$ 2.059,20 é superior ao montante determinado pela lei do piso, que estabelece um mínimo de R$ 1.187 para os professores que possuem no mínimo o ensino médio.

Sem pagar o piso, governo estadual enfrentou greve da categoria
Já na rede estadual de ensino, o sindicato dos professores (Cpers/Sindicato) encerrou no dia 2 de dezembro a greve da categoria para cobrar o cumprimento imediato da lei do piso, já que o Estado paga apenas R$ 860 para o educador com jornada de 40 horas. Foram duas semanas de paralização, sem acordo com o governo.

A secretaria estadual de Educação afirma que não tem condições de cumprir com o reajuste, já que causaria um impacto de 1,7 bilhão aos cofres públicos. A meta do governador Tarso Genro (PT) é cumprir com a lei até o fim de seu mandato, em 2014. Um cronograma gradual de reajuste deve ser apresentado aos professores.

Fonte: Todos pela Educação

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